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ENSAIO CRÍTICO DO MÓDULO II

ENSAIO CRÍTICO DO MÓDULO II

A sociologia faz-nos refletir sobre as nossas necessidades. Estas  fazem parte do dia-a-dia. Tanto podem ser primárias (biólogicas), como secundárias (psicológicas e sociais). Estas necessidades são motivadas por fatores diversos. Existe uma ordém lógica estabecida pelo psicólogo Abraham Maslow, que ele exemplifica com uma pirâmide das necessidades (Documento 1). Esta pirâmide propõe uma hierarquia, tendo como base o aspeto fisiólogico e os degraus seguintes com a segurança, o amor, a estima e no topo a auto-realização como último escalão desta distribuição.

Maslow considera que  a satisfação das necessidades do topo da pirâmide só podem ser atingidas se as necessidades da base o forem anteriormente. É bastante dificil aplicar esta teoria às motivações do turista. Pois o turista é capaz de intervir em vários níveis em simultâneo para satisfazer as necessidades ligadas às viagens. Assim o turista pode satisfazer as necessidades fisiológicas (comer num restaurante, dormir num hotel) num local visitado, como também satisfazer um desejo que o permita atingir a auto-realização durante a mesma estadia (ter uma atividade física radical como saltar de paraquedas, onde se alcança un nível acima na sua auto-estima). Podemos então afirmar que o motivo da viagem tem uma papel decisivo no processo da escolha do viajante. O Documento 2, que apresenta gráficos circulares com as motivações dos turistas internacionais, conforta-nos nesta posição. O principal motivo, que ronda os 50% dos motivos de viagem, é designado pelo item férias, lazer e recreação. Depois com 27%, temos as visitas a familiares ou amigos, e peregrinação. Estas razões primárias de viagem, podem basear-se no timing, tendo en conta que as motivações são mais ligadas ao longo prazo no que concerne o turismo, não omitindo de citar o curto prazo.

Quanto à origem das motivações podem assumir um caracter intrínseco ou extrinseco, havendo preponderância de motivações intrínsecas na área do turismo.

Do ponto de vista compulsivo das motivações, destacam-se três tipos:

-motivações constrangedoras quando as razões são de ordem laboral por exemplo;

-motivações libertadoras quando se tratam de férias, lazer, repouso ou cultura;

-motivações mistas que contém as duas motivações anteriores.

As motivações também podem ser consideradas como físicas (quando se relacionam com desporto ou saude e bem-estar), culturais (quando o turista tem curiosidade em conhecer a cultura do sítio alvo da escolha), interpessoais (procurar alterar a rotina), de prestígio e status (relativamente à própria auto-estima e à percepção que os outros têm de nos).

Para ser formal, a OMT define as motivações segundo duas categorias baseadas na imagem que o turista tem de um destino. Temos então as motivações de  tipo racional (quando as escolhas são feitas de forma controlada para assegurar conforto, segurança ao seio de um grupo e de preferência com a família) e de tipo afetivo (quando as escolhas são lideradas pela curiosidade de conhecer novos destinos, longíquos, exóticos).

Para além destas descrições, temos de ter em consideração as variáveis sociais que influenciam a motivação à viagem: o sexo, a idade e o nível educacional.

Relativamente ao sexo, o homém terá uma preferência para férias mais ativas do que a mulher. Com respeito à idade, obviamente haverá mais tolerância à novidade nas faixas etárias novas do que nas faixas etárias idosas. Finalmente, o nível educacional está ligado ao status social.

Quando este é mais elevado, permite ao turista aceder à informação e aceitar destinos inhabituais e mais afastados, o que não fará um agregado familiar mais modesto e com um nível educacional inferior.

A personalidade do turista acaba por ter um papel importante no turismo. O documento 3, constituido por um artigo online,  aborda esta temática. O início da Conferência para o desenvolvimento do Turismo egípcio, assumido pelo Ministro do Turismo do Egito, Mounir Fakhry Abdel-Nour, evoca a importância da perceção que o turista tem de um pais, na concretização de uma viagem. Um pais como o Egito pode veicular um uma imagem pouco favorável, que, em conjunto com uma personalidade mais ou menos aberta, poderá ou não incitar à descoberta do mesmo. Não podemos omitir de definir o termo personalidade como um “conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar" (wikipédia, enciclopédia online). Assim as viagens estão intimamente ligadas aos tipos de pessoas que as fazem, que por sua vez são influenciadas pelo contexto familiar, pelos fatores pecuniários e os valores que foram integrados ao longo dos anos.

O documento 4 ilustra esta interligação. Podemos observar quatro tipos

de turistas com personalidades diferentes e seguramente valores próprios. Os valores podem ser divididos em dois tipos: instrumentais ou valores associados ao fazer (representam a convicção de uma pessoa de que um modo específico de conduta é pessoal ou socialmente preferível) e terminais ou valores associados ao ser (representam a convicção de uma pessoa de que um modo específico de viver é pessoal ou socialmente preferível).

Os guias turísticos, imagem do documento 5, constituem um método de aprendizagem que permite forjar o perfil do turista. Mas este instrumento só intervem quando o viajante já tem as ideias predefinidas quanto às suas deslocações. Antes, existe uma aprendizagem resultante das experiências de vida, dos conhecimentos adquiridos, e estas vivências vão definir novos comportamentos. As viagens integram-se nesta aprendizagem que podemos dividir em três métodos: o condicionamento(quando há recompensa positiva que incentivam uma resposta comportamental), a modelagem(ou aprendizagem por exemplo-quando esta decorre de uma observação dos outros/modelos, o que é frequente na área do turismo) e a aprendizagem oculta (quando o turista é exposto às realidades do ambiente físico e social). 

Como apoio do documento 6, que apresenta o modo de se comportar das jovens solteiras do início do século XX, e centrando-nos na sociologia do turismo e na sua dimensão sociocultural, identificámos três tipos de comportamentos ligados à atividade turística: o comportamento pessoal, o comportamento interpessoal e o comportamento transpessoal. O que é certo é que hoje em dia os comportamentos não são tão condicionados pela opinião pública como o indicia o documento 6.

Em sociologia do turismo, também é interessante considerar os comportamentos sociais e culturais. Podemos assistir no decorrer de uma viagem à confrontação de culturas distintas como apresentado no documento 7. Neste caso são culturas opostas a nível comportamental que criam o choque de culturas. No entanto é algo que é procurado pelo turista, que pode ser a motivação da viagem ou não, mas que será sempre parte desta. Os contatos entre povos concretizados através do turismo podem ser de vários tipos, para além de sociais. Consideramos que possa haver transações de caracter comercial, induzidas pela compra de um souvenir ou a estadia na esplanada de um café. Estas interações criam opiniões que podem ser positivas ou negativas ou neutras em cada elemento participante nas trocas ligadas ao turismo. Daí se formam os comportamentos dos turistas. É necessário ter em conta a presença de estereótipos que possam não corresponder à realidade, e que condicionam também estes comportamentos, motivando ou não à viagem, condicionando também certos comportamentos inadequados ao local visitado. Os comportamentos sociais são objeto de aprendizagem, assim o turista aprendeu através da socialização a comportar-se nos grupos sociais a que pertence, e por extenso nos locais visitados. Quanto mais o viajante descobre e contata com autóctonas, mais afina a sua forma de ser e se adapta às normas sociais do local visitado.  O não respeito destas regras internas a cada cultura, determina o intruso que acontece ser o turista com pouca experiência.

Para um melhor entendimento da sociologia no turismo, temos de definir o termo de grupo social. O documento 8 ilustra este tópico. Observamos uma família, um grupo de amigos e duas imagens alusivas a grupos de trabalho. Pois, estes grupos são grupos sociais, que definimos na aula de sociologia do turismo como um conjunto de pessoas  que mantém contato regular, partilham interações estruturadas, têm sentido comum de união e trabalham para metas e objetivos comuns.

Os principais grupos sociais são os grupos de referência, os grupos primários e secundários. O grupo de referência é a base e serve de padrão do comportamento. O Grupo primário caracteriza-se por motivaçõoes afetivas, é de dimensão limitada, com relações mais intimas; aplica-se nos casos de famílias, ou grupos de amigos. O grupo secundário pode ser maior, mais organizado e menos espontâneo do que o grupo primário. Os contatos entre membros do grupo secundário é mais regrado e as finalidades são mais utilitárias, por exemplo o grupo de turistas em viagem.

Também podemos referir as organizaçãoes , as sociedades e as massas como grupos sociais interagindo no turismo. Baseando-nos no conteúdo das aulas de sociologia, podemos definir as organizações como um conjunto coletivo com limites relativamente fixos e identificáveis, com uma ordenação normativa, com um sistema de autoridade hierárquico e com sistemas de comunicação e membros coordenados. Temos o exemplo da empresa turística como as agências de viagens ou os hóteis, que se enquandram neste tipo de composição.

As sociedades são definidas como um conjunto de pessoas que estabelecem relações transpessoais . Para além de ter um estrutura complexa e estável, é formada por pessoas e agrupamentos diversos, ou seja, grupos e massas. Podemos situar um pais e o seu povo como uma sociedade, dentro da qual evoluem vários grupos.

Quanto às massas, ilustradas pelo documento 9, entendemos que se trata de um agrupamento não organizado. Em termos quantitativos, temos uma grande quantidade de pessoas e em termos qualitativos tem caracteristicas próprias que vamos enunciar. Trata-se de um fenómeno coletivo por haver pluralidade de pesoas. É unitário por cada pessoa que compõe as massas é capaz de reagir individualmente. É transitório por ter um caracter esporádico, e não permanecer no tempo. É indefirenciado por haver anonimato na constituição das massas. É fluido por haver um transito livre de pessoas e é anómico por não suportar regras, que não sejam normas sociais próprias a cada indivíduo.

Outro aspeto importante em sociologia do turismo, trata da estratificação e do status social no turismo. O documento 10 ilustra de uma certa forma o significado de estratificação e status social. Pois a estratificação é a disposição hierárquica dos elementos de uma sociedade em castas, classes, etc., diferentes (infopédia). A sociedade de castas indiana é conhecida pela sua rigidez e é a expressão mais extrema do que pode ser a estratificação social. O status social é definido a partir dessa classificação. Pode-se entender como a posição social dentro da tal estratificação, traduzindo o lugar que uma pessoa ocupa na estrutura social. Esta consciência de pertencer a um estrato social com as suas características, traz-nos a ideia de classe social. As similitudes no modo de vida, ao seio de uma comunidade onde se assumem papéis distintos, trazem diferenças que vão determinar o tipo de classe social a que pertencemos. Isso, sente-se claramente no turismo quanto observamos os tipos de viagens elegidas por pessoas oriundas de estratos sociais diferentes. Assim a classe alta vai optar por turismo de luxo por ter meios financeiros importantes. A classe média representa o turismo de massa. A classe baixa pode aparecer de forma redudizida num turismo de proximidade, mas geralmente não o pode fazer por falta de rendimentos.

As diferenças de classes também se repercutam do lado da oferta turística. Assim nasceu a necessidade crescente de segmentar o produto turismo. O documento 11 apresenta a capa do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), com as suas principais diretrizes. Este plano é a consequência da evolução do turismo e de todos os seus intervenientes, considerando as necessidades destes, para propor uma oferta ajustada aos diversos tipos de consumidores. A segmentação é, propriamente dito, o processo de subdivisão em subgrupos homogéneos com o fim de levar a cabo uma estratégia comercial diferenciada. Propõe-se assim dividir o mercado para obter grupos homogéneos, como o PENT o descreve.

A segmentação do mercado turístico basea-se essencialmente na demografia turística. Ao estudar os diversos processos demográficos conseguimos determinar características que depois permitem formar segmentos viáveis na área de predileção. Este método estatístico, bastante abrangente, implica um conhecimento aprofundado dos destinos, das suas facilidades e obviamente da sua população (idade, sexo, estado civil, taxa de natalidade, nível económico, nível de formação, nível cultural, nível de motivações, necessidades ligadas à atividade turística, os tipos de atividades e serviços turísticos desejados). Depois é necessário determinar o volume da população turística, ou seja, a quantidade de pessoas que desenvolvem uma atividade turística. Outro momento importante, consiste em identificar o nascimento de correntes turísticas, mas também saber identificar, com os devidos motivos (políticos, sociais, etc.), as correntes em declive. Determinar os movimentos migratórios turísticos é fundamental neste analise demográfica aplicada ao turismo. Finalmente, cabe também saber se a população turística cresce e por que razões, e esmiuçar a composição desta população (natalidade, mortalidade, classe social).

Após esta análise, dois tipos de segmentos destacam-se: o turismo de elite e o turismo de massas.

O documento 12 representa estes dois tipos de turismo segmentado. De um lado temos o campismo associado à ideia de baixos custos e consequentemente ao turismo de massas, e por outro lado a viagem aérea de primeira classe associada a um destino longíquo, e ao turismo de elite. Sabemos que estes dois turismos existem e que estão ligados a classes sociais distintas. O que salienta características como a flexibilidade na escolha das datas de viagem, escolhas de qualidade para alojamentos ou atividades de lazer (golfe, desportos nauticos), no caso do turismo de elite; e baixos custos que dependem das propostas feitas pelos operadores de viagens, em alturas não escolhidas pelos consumidores turísticos, e que serão amortizadas pela enorme adesão, para resultar no turismo de massas.

Podemos citar para além dos dois segmentos anteriormente mencionandos, o turismo de minorias, o turismo de grupo e o turismo social.

O turismo social merece a nossa atenção. Este turismo privilegia quém não tem privilégios. Divide-se em três: o turismo familiar, juvenil e senior. O documento 13 ilustra este segmento que se diferencia essencialmente pela idade. O turismo familiar intervem quando adultos formaram família e ocorre tradicionalmente com crianças acompanhadas dos pais. O turismo juvenil corresponde aos grupos de jovens que praticam turismo, como por exemplo, as colónias de férias. O turismo sénior é dirigido á população mais velha, com mais disponiblidade de tempo, que é apoiado através do organismo INATEL, com uma serie de descontos incentivando ao turismo.

Os valores sócio-espirituais no turismo também têm um papel importante. O cartaz da sétima Pastoral do Turismo, escolhido como documento 14 salienta a ligação entre o turismo e a religião que ambos se praticam com valores sócio-espirituais. A existência de congressos que associam turismo e religião indica que ambos podem contribuir para a afirmação desses valores. Povos diferentes relacionam-se no respeito, proporcionando a todos um conhecimento mútuo, desenvolvendo compreensão e solidariedade, um repsito acrescido pelos direitos humanos, co o objetivo de viver em paz.

A forma mais óbvia de aliar turismo e religião é a peregrinação. Os reprensentantes religiosos estão conscientes da importância destes fluxos semi-turísticos. O artigo escolhido como documento 15, aborda, do ponto de vista católico, a crescente preocupação da religião como trunfo na prática do turismo. Francisco Vieira, organizador do evento objeto do artigo, salienta até que “não contemplar o turismo religioso como uma sub-categoria independente do turismo tem sido um erro gigantesco”. Também admite que o turismo religioso permite a elites da sociedade compartilhar com outras classes sociais sem que isso venha interferir na procura espiritual de cada um, privilegiando assim o desenvolvimento da personalidade e ao conhecimento recíproco de cada ser humano sem o peso das aparências.

Podemos avaliar o impacto do turismo religioso através do documento 16, imagem que indica num mapa do mundo as principais localidades onde se observa o fenómeno de peregrinação, comum às religiões existentes, mesmo que não seja proposto na prática de algumas.

A abordagem do turismo religioso efetua-se de três formas: espiritual (permite a aproximação de Deus), sociológica (permite um melhor conhecimento do grupo a que pertence) e cultural (permite uma compreensão acrescida da religião através da deslocação aos locais de culto). Este último aspeto, permite salientar que cada vez mais a peregrinação, ou seja o turismo religioso, incide nos outros tipos de turismo, em particular no turismo cultural, praticado em paralelo.

Porém os turismos abrangem outros tipos de atividades, ou não. A forma como ocupámos o nosso tempo livre é tão vasta que pode deixar lugar à noção de ócio. O turismo será aglutinador do ócio e do tempo livre. É o que vamos desvendar nesta última parte do módulo II de sociologia do turismo.

Convém debruçar-nos sobre os conceitos de ócio e tempo livre. O documento 17 ilustra esquemáticamente os ditos conceitos, e apresenta o ócio como parte integrante do tempo livre. Vários sociólogos trabalharam nesse sentido. Assim Joffre Dumazedier, sociólogo francês, pioneiro nos estudos do lazer e da formação, avançou que o ócio é “o conjunto de actividades, incluindo as turísticas, a que o indivíduo pode dedicar-se, seja para descansar, seja para se divertir, para desenvolver a sua formação ou informação, desinteressada, a sua participação social volumtária ou a sua livre capacidade criadora, uma vez que se livrou das suas obrigações profissionais, familiares ou sociais.” Esta definição suscitou alguns desacordos, mas aplica-se ainda hoje. O ócio será então parte das atividades com que preenchemos o nosso tempo livre, tempo que temos fora dos ditos horários de trabalho. Salienta-se no entanto a opinião do sociólogo Marxista Herbert Marcuse, que assume que não existe tempo livre, pois não escolhemos quando disfrutar dele, já que é ordenado pelos dirigentes do Estado e das entidades ligadas aos negócios.

Outra sugestão na definição dos termos ócio e tempo livre que podemos mencionar, foi proposta pelo sociólogo espanhol, Frederic Munné, cuja foto faz parte do documento 18. Este profissional da sociologia editou várias obras, uma delas sobre “ A Psicologia do tempo livre”, editada em 1980. Esta obra aborda o conceito de ócio, dividindo-o em cinco etapas históricas. A primeira remonta à antiguidade com a skholé grega que se baseia na contemplação do belo; depois fala-se de otium romano onde o ócio é dedicado ao descanso do corpo e à recreação do espírito concretizados com dias de festas que ocupam grande parte da vida romana ; chegando à Idade Média, o ócio continua a ser o tempo de repouso, assumindo aspetos da skholé e do otium no início, evoluindo para algo exclusivo das classes sociais superiores, não se trabalhando por ser uma atividade desprestigiante; surge no século XVII o puritanismo inglês que inverte a interpretação anterior, dando valor ao trabalho por oposição ao ócio, que acaba por ser considerado como o pior dos vícios; finalmente, ao chegar aos séculos XVIII e XIX, observamos a confirmação de que o ócio é improdutivo, valorizando-se ainda mais o trabalho, produtivo por sua vez. Esta última tendência originou a formação de grupos de luta para os direitos dos trabalhadores, que obteram, como podemos constatar, o direito às férias pagas, à redução das horas de trabalho, integrando o ócio aos nossos hábitos.

Voltando ao documento 18, onde colocámos a foto de Frederic Munné, adicionámos uma parte de uma entrevista feita a este sociólogo por um mestrando, em castelhano para, segundo o autor do documento, não perder a riqueza do diálogo. Esta entrevista expõe alguns assuntos relacionados com a nossa matéria. Deste modo, o conceito de ócio é debatido por Munné, que discorda da teoria dos três “D” de Dumazedier. Recordemos que Dumazedier descreve o ócio com três características: descanso, diversão e desenvolvimento da personalidade. Munné sublinha que a teoria dos três “D” não contempla o fato de uma pessoa ter de se repousar por estar desgastada pelo trabalho. Assume assim que o momento de ócio não é escolhido e é mais uma compensação em vez de tempo livre. Munné indica assim que acredita mais numa teoria de contrafunção do ócio quando este é praticado em compensação do trabalho efetuado.

Quanto às funções do ócio, podemos dividi-las em funções psico-sociais, funções sociais e funções sócio-económicas. As funções psico-sociais mantêm os três “D”, com as funções de descanso, de diversão e de desenvolvimento, todas complementares para usufruir completamente do momento de ócio. Depois do ponto de vista  exclusivamente social, ou seja quando há comportamentos interpessoais ou transpessoais, fala-se de funções se socialização (o ócio favorece então o relacionamento com outros indivíduos), de funções simbólicas (o ócio permite identificar a que grupos pertencemos) e de funções terapêuticas (o ócio contribue para o bem-estar e o relachamento de forma eficaz para conseguir evacuar a pressão do dia-a-dia).

Quanto às funções sócio-económicas do ócio, estão ligadas ao poder de compra da população, dado ao fato de o ócio ser considerado cada vez mais como uma industria do setor terciário, que se vai desenvolver graças a fatores como a limitação do tempo de trabalho e o aumento da esperança de vida.

O documento 19 salienta o último ponto abordado no módulo II sobre as atividades do ócio. A ideia de ócio transmite em primeiro lugar a ideia de não atividade, como o ilustram as três imagens do documento 19. No entanto, considera-se que do ócio fazem parte as atividades físicas, manuais, culturais, sociais ou turísticas. Acabamos por admitir que o ócio é essencial para o turismo, pois contém todas as realidades que compõem os produtos turísticos, como a prática de desportos, a prática de trabalhos manuais, as visitas a museus, a troca com povos de culturas diferentes, etc.