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ENSAIO CRÍTICO DO MÓDULO I

ENSAIO CRÍTICO DO MÓDULO I

 

A primeira parte do módulo I de Sociologia do Turismo, trata dos conceitos básicos do turismo, tais como a própria palavra turismo e a palavra turista, para além de nos elucidar sobre o aparecimento destas noções e das suas evoluções.

O mapa do “Grand Tour” (documento 1) ilustra uma das etapas na emergência do conceito de turista. Assim como a intervenção de diversos autores do século XIX, como Eça de Queirós (documento 2) ou Stendhal, contribuem para o desenvolvimento desta ao mencionarem a palavra tourist (do inglês “Tour”) ou touriste (em francês como parte do título Mémoires d’un touriste) nas suas obras. Esta forma de viajar da aristocracia inglesa do século XVII, é considerada por Marc Boyer, autor de várias obras sobre a matéria, como a origem da palavra tourist, que se foi adaptando aos idiomas.

No século XX, vários escritores avançaram com diversas propostas para definir o conceito de turista e consequentemente de turismo. A imagem 1 ilustra de uma certa forma esta parte da disciplina. A forma de ver um turista é muitas vezes caricatural e não corresponde à explicação mais conceptual do termo aqui estudado. Podemos considerar que representa a parte emergente da realidade turística. Para Glucksmann (1929), o “turismo é a conquista do espaço por pessoas que afluem a um sítio onde não possuem lugar fixo de residência”. Note-se aqui uma definição pouco precisa mas que sugere a deslocação e a implícita situação de estar fora do seu ambiente habitual.

Nesta análise do termo turismo, destacam-se dois autores suíços, da universidade de Berna: Kurt Krapf e Walter Hunziker. Estes peritos propuseram uma definição mais completa, divulgada em 1942, assumindo que o turismo é o resultado das deslocações fora do seu domicílio com permanência nesse lugar sem ser por razões lucrativas. Acrescentam-se aqui as noções de estadia e de lazer, por a deslocação não ser lucrativa para a pessoa que a efetua. É sem dúvida esta definição que vai prevalecer e permitir ao conceito de turismo evoluir para uma descrição mais abrangente. Esta diversidade é ilustrada pela imagem 2, onde podemos entender a quão extensa é a área do Turismo.

Esta abrangência é evidenciada pelo estudo de Fuster (1989) que considera o turismo sob duas vertentes: a primeira engloba os turistas e as consequências das suas estadias; em segundo lugar temos todas as infraestrutura disponibilizadas para os turistas, assim como os profissionais que contribuem para a concretização da viagem.

Desta reflexão salientam-se duas definições: a definição conceptual proposta pelos investigadores Mathieson e Wall (1982) e a definição técnica emitida pela O.M.T. em 1993. A visão conceptual do turismo acrescenta ao que foi referido no parágrafo anterior, a noção de criação de facilidades para satisfazer as necessidades dos turistas. A visão técnica privilegia o impacto direto de pessoas que se deslocam fora do seu ambiente habitual por motivos de lazer, negócios ou outros. 

Em suma, o primeiro ponto do Módulo I permite-nos considerar o turismo de forma holística, com todas as vertentes que possui esta área.

 A segunda parte do módulo diz respeito à “Sociologia do Turismo e o Turismo como fenómeno interdisciplinar”. Existem várias formas de abordagem ao estudo do turismo tais como:

 - Abordagem institucional – relaciona-se com as instituições ou organizações que estão ligadas á atividade turística e que garantem o seu desempenho, sendo uma das vantagens desta aproximação a existência de fontes de informação para estudo;

- Abordagem Histórica – é pouco utilizada devido ao carácter recente do turismo de massas, e analisa a evolução das atividades turísticas e das instituições nelas envolvidas;

- Abordagem de Produto – estuda os vários produtos e serviços turísticos bem como a forma como são produzidos, comercializados e consumidos, ou seja, é o estudo do consumo do produto no turismo;

- Abordagem Geográfica – estuda as áreas de fluxos turísticos, os próprios fluxos turísticos e os impactos provocados pelos mesmos;

- Abordagem de Sistema – divulga o estudo do turismo enquanto sistema isto é, como um conjunto de elementos interrelacionados e coordenados para formar um todo unificado;

- Abordagem Social – estuda os indivíduos enquanto turistas as suas relações com os outros e o impacto do turismo nas sociedades;

- Abordagem horizontal tem como principio que o sucesso do turismo assenta na criação de boas infraestruturas (fig.1) e no desenvolvimento dos transportes (fig.2). Por outro lado, uma abordagem económica analisa o turismo como uma indústria de bens e serviços (transportes, alojamento, restauração, distrações, animação…) sendo uma atividade económica que se pode estudar através de análises de custos/lucro. (fig.3). No que se refere à abordagem da Gestão, que se orienta para o estudo das empresas, nomeadamente o fenómeno turístico nas mais diversas áreas como estatística, economia, geografia ou gestão, surgiram publicações tendo como exemplo The Business of Tourism Management (Fig.4).

O reconhecimento do fenómeno social do turismo está bem patente na declaração de Manila sobre o turismo mundial (1980), tornando-se oportuno e necessário analisar o ato turístico em função fundamentalmente da amplitude que alcançou a partir do momento em que os trabalhadores obtiveram o direito às férias pagas e ao passar de um plano limitado de um prazer elitista ao plano geral da vida social e económica de vastas faixas da sociedade.

A sociologia do turismo pode definir-se como “a área da sociologia que estuda cientificamente os aspetos do tempo livre e da civilização do ócio, concretizado nas viagens e nas atividades turísticas de descanso, recreio, divertimento e cultura. Sociologicamente, o turismo pode ser estudado em vários níveis, sendo o impacto do turismo uma das suas vertentes. Com a (fig.6) pretendo demostrar de maneira bem-humorada, o impacto que o turismo causa no meio ambiente. No entanto, a imagem traz uma reflexão importante de ser feita, pois todos nós sabemos que o turismo pode provocar impactos positivos e negativos, embora os negativos sejam muito mais significativos que os positivos.É indiscutível a importância do turismo diante da economia de uma nação, porém as consequências que são geradas não são apenas de caráter positivo. A partir do momento que esse turismo passa a desvalorizar a cultura de um povo, a degredar sua infra-estrutura ou a paisagem natural e comprometer elementos da fauna e da flora, ele passa a ser de caráter negativo tanto para seus visitantes como principalmente, para a população local. Esses impactos são gerados através dos meios pelos quais o turismo se propaga como a economia, sociedade, cultura e meio-ambiente.

 O turismo não pode ser estudado isoladamente uma vez que engloba vários fenómenos, por isso tem de ser estudado por várias disciplinas – interdisciplinaridade – para o podermos perceber melhor e para possibilitar a sua evolução. Existem várias sociologias, que são a sociologia do ócio e do tempo livre que estuda cientificamente o comportamento transpessoal, a sociologia do estranho que enfatizou os estudos dos estranhos permanentes e semipermanentes, minorias e os expatriados, sociologia da hospitalidade que foi estudada em sociedades simples e tradicionais, sociologia da viagem que estuda os turistas no papel de viajantes, sociologia industrial aplicada ao turismo, que estuda as relações psicossociais internas e externas da empresa entre os seus diferentes níveis, sociologia do mercado turístico que estuda cientificamente os comportamentos e as relações transpessoais entre os agentes da oferta turística e a procura turística (Fig.6), sociologia das relações turísticas internacionais que estuda o comportamento transpessoal das sociedades, comunidades e organizações internacionais relacionadas com o turismo.         A “Sociologia da Religião”, (Fig.7), especificamente a peregrinação, criou uma nova vertente no turismo. Este fenómeno atrai não só peregrinos pela sua fé, mas também turistas pela curiosidade e pela própria cultura religiosa.